Conteúdo da Hashitag #11

Roppongi, as seis árvores da felicidade

roppongi tirashi
Rico tirashi, com shari enriquecido com ovas de capelim Fotos: Rafael Salvador/ Nikko Fotografia
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Vista do salão high tech, com seis metros de pé direito
O designer e empresário Luiz Henrique Marcondes faz questão de iniciar a entrevista mostrando os seis bonsais que ornamentam o amplo salão do renovado Roppongi**, seis árvores em japonês, mas também o nome do bairro mais badalado de Tokyo. Esta talvez seja a única concessão à tradição. De resto, o ambiente é todo high tech: paredes imitando cimento queimado, metal e assentos forrados com tecido automotivo perfurado que já ornamentou carros da Karmann Ghia. O ápice cênico talvez seja a árvore de cerejeira invertida, plantada no teto alto do salão, com 1.200 leds da cor das pétalas da flor símbolo do Japão. Marcondes é o criador do Roppongi original, que funcionou de 1995 a 2000 no Itaim Bibi, em São Paulo, onde batia ponto o arquiteto Ruy Ohtake, morador da cobertura do flat onde ficava o restaurante.

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Luiz Henrique Marcondes troca ideias sobre os pratos, com os sócios proprietários Fabiano Guerra (centro) e Tom Oliveira (direita)
Marcondes foi praticamente convocado pelos novos investidores, os empresários Tom Oliveira (que ainda responde pelo Nakombi), e Fabiano Guerra, com respeitável atuação junto à Embraer e, por conta disso, com vários anos de vivência na China, a recriar a atmosfera e o conceito do restaurante que marcou época e só fechou porque sua proposta talvez tenha sido muito avançada para aquele tempo. Hoje, com uma clientela mais bem informada, o novo Roppongi procura unir o gosto de um Japão contemporâneo com uma culinária globalizada flertando o asiático.


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A seção de pratos no vapor merece destaque
Aliás, de asiático herdou, também o espaço, que fora ocupado pelo Ping Pong, representante da rede londrina, com sua cozinha chinesa rápida pautada no dim sum. Muitas opções do cardápio até lembram o inquilino anterior.

Para comandar a cozinha, os proprietários esperaram o contrato do chef Carlos Ohata com o Benihana completar, para chamá-lo em tempo integral. Ohata tem experiência no Japão, Estados Unidos, Portugal e, no Brasil, comandou o Nakombi, no Rio de Janeiro, e o Butoh, nos Jardins, em São Paulo. É com esta visão internacional que o chef Carlos Ohata elaborou um cardápio nada ortodoxo.

Assim, logo nas entradas é possível se deparar com a Nouveau Asian Cuisine & Grill, proposta da casa. Há os niponíssimos usuzukuri, como também um canapé de camarão e gergelim ao molho thai apimentado, ou então um pak choi, acelga chinesa, aqui preparada ao molho de gengibre, com massinhas crocantes de harumaki.

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Chef Carlos Ohata: de sua experiência internacional, nasce o cardápio sem fronteiras
Seguem as especialidades, algumas bem tradicionais, mas com toques contemporâneos. É o caso do bem servido tirashi, com tenros sashimis de pargo, atum, salmão, camarão, polvo, vieira, olho de boi, robalo, dashimaki tamago (omelete) e um shari (arroz avinagrado de sushi) com ovas de capelim. Tudo num prato de cerâmica assinado por Regina Tsuchimoto.

Há dois segmentos que merecem destaque, pois faz o Roppongi diferir dos demais japoneses. Na categoria Fusion, insumos como foie gras, trufas e alho negro comparecem para harmonizar-se com sushis e preparados de frutos do mar. O outro é dedicado a preparações latinas: são os tacos, tortillas e wraps, sem nenhuma ressonância com a culinária japonesa. Mas são opções diferenciadas que dão identidade à nova casa. Há também um segmento dedicado a pratos a vapor, que promete despertar muita curiosidade. São dumplings e pães chineses, com a leveza que a tradição secular desta preparação impõe.

Os sócios, Oliveira e Guerra, e mais o consultor Marcondes não conseguem esconder o entusiasmo desta empreitada, prometendo transformar o Roppongi numa referência não só gastronômica, mas também como polo cultural. “Pretendemos realizar muitos eventos aqui, como lançamento de livros e produtos”, antecipa Marcondes. A arquitetura, um misto de high tech com retrô anos 90 é divertida e acolhedora, e os monitores e telões que exibem comerciais da TV japonesa imprimem um divertido ambiente ao estilo “Blade Runner”.

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Seleção de sushi. Toques diferenciados, como o crispy de vegetais

**O estabelecimento não está mais em funcionamento (atualizado em 15 de maio de 2015)
Jo Takahashi Jo Takahashi foi consultor de arte e cultura na Japan Foundation, onde atuou por 25 anos como administrador cultural. Agora, migra essa experiência para a sua produtora independente, a Dô Cultural, que propõe um conceito design de formatar e desenvolver o projeto cultural.
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