Papo com Adegão: Os izakayas diferentes

Lanternas vermelhas na entrada: é a marca dos izakaya

Inverno, um frio danado e preguiça para fazer de tudo, a saída são os izakayas. O tema já foi amplamente explorado no Brasil, o que não cabe muito discutir aqui. Porém, quando eu não tinha nada em mente para escrever o texto, pedi sugestões no Facebook e uma delas veio do Daniel Hirata do Hirá Rámen Izakaya, em São Paulo. Pediu para falar sobre os diferentes estilos de izakayas e como essa onda tem expandido pelo mundo.

Então vamos lá. Além de já sabermos que izakaya tem sua origem ligada aos sakaya (loja de sake) e que o estabelecimento serve comida e bebida em proporções iguais, este tipo de comércio é o que mais tem no Japão, chegando a 470.000 casas, de acordo com o Ministério da Administração Pública do país.

De casas pequenas com apenas um balcão de 12 lugares e um casal atendendo os clientes, a izakayas de porte de um restaurante, com um brigada de garçons e vários cozinheiros, a variedade é grande. Há até redes de izakayas no Japão e que já ultrapassaram a fronteira japonesa com unidades abertas em outros países.

Há também izakayas temáticos como o Gotanda Golf Club, no bairro de Shinagawa em Tokyo. Trata-se da soma de 2 paixões dos japoneses em um só lugar. Beber, petiscar e jogar golfe.

Pulando para o norte do Japão, quase na frente da estação de Yamagata, há o Izakaya Suzuran, que oferece uma boa oferta de petiscos, desde um simples karaague de frango até os nabê (cozidos de legumes ou peixes). O legal mesmo é a decoração do local. Ao invés de mesa ou sala de tatami, você come e bebe dentro de um taru, um barril de fermentação de sake. Incrível!

Outro lugar curioso é a o Zauo – rede que tem unidades em Shinjuku e Yokohama – onde você pesca o seu próprio peixe que irá comer, desde que você tenha paciência e esteja sóbrio. Agora, se você está com muita fome, você pode escolher o peixe e o cozinheiro pega. Legal também que as mesas ficam em uma enorme barca, conforme a foto. Tudo é muito fresco e os pescados vem de todo Japão.

Os izakayas não são só sucesso entre os japoneses, como também entre os estrangeiros que vão ao Japão. Seja porque em seu país de origem não tenha a cultura do izakaya, seja porque apreciam os botecos japoneses de raiz. Já perguntei para muitos estrangeiros e constatei que muitos respondiam a mesma coisa: ali, eles tinham o prazer de poder beber com os japoneses de forma espontânea, sem aquela fachada protocolar. É muito bom poder ver que os japoneses não são máquinas e que são humanos mesmo.

Falando em estrangeiros, aqui no exterior (do Japão) também tem os seus izakayas ou suas adaptações. Uns são ex-restaurantes japoneses que se converteram em izakayas, sem mudar muito o seu sistema de serviço. Mudaram-se para casas mais simples, permitem falar alto, aceitam uma certa bagunça, muita bebedeira.

Outros que já nascem izakayas, com uma boa oferta de bebidas, de bons sakes, bons petiscos e um clima bem brincalhão. Só não podemos esquecer de um detalhe. Izakaya não pode ser tão caro. Servem comidas simples. E já que vão me perguntar, gosto de bons izakayas como o Matsu, Issa, Hirá em São Paulo, o Pabu Izakaya, no Rio de Janeiro, e o Hyotan, em Curitiba.

Alexandre Iida ALEXANDRE TATSUYA IIDA, é um Kikisake-shi, especialista em saquê, certificado pelo SSI Sake Service Institute com sede em Tokyo, Japão. Proprietário da Adega de Sake, a primeira loja especializada em bebidas japonesas. Faz parte do corpo docente da ABS Associação Brasileira de Sommeliers, ministrando aulas e cursos de saquês, para profissionais e apreciadores. Promove degustações de saquês para o público aberto e treinamento de brigada, como a consultoria para a importação de saquês.
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