Revista Hashitag 24 Conteúdo da Hashitag #24

Como sal e pimenta

Lucio e Helena Manosso

Lucio e Helena Manosso Rafael Salvador

O MasterChef é o programa culinário mais bem sucedido na TV brasileira na atualidade. A primeira temporada, exibida em 2014 pela Bandeirantes, apresentou participantes competentes e carismáticos que contribuíram para consolidar a versão nacional da atração. Entre os participantes, dois se destacaram logo na seletiva inicial, gravada na Praça Charles Miller, em São Paulo: o casal Lucio e Helena Manosso.

Lucio teve que sair do programa no oitavo episódio em razão de problemas de saúde. Helena chegou à final da competição, apresentando um prato com grande inspiração oriental, mais precisamente, na culinária tailandesa.

Para falar sobre MasterChef, comida oriental e projetos atuais, o casal Lucio e Helena Manosso recebeu a equipe de em sua casa – confira também uma receita no fim deste especial.

Culinária como profissão

Atualmente, o casal trabalha em um projeto próprio. A empresa oferece serviço de chef em casa, aulas, consultoria e eventos corporativos. “A Salt & Pepper foi criada depois que saímos do programa, em razão da vontade de continuar em contato com a gastronomia. Um dos nossos principais produtos é o serviço de personal chef, em que preparamos almoço ou jantar na casa das pessoas; também damos aulas de gastronomia e estamos trabalhando com desenvolvimento de cardápios e treinamento de brigada em cozinhas profissionais”, conta Lucio.

Porco agridoce à moda tailandesa

Porco agridoce à moda tailandesa (confira a receita na págna 37 da Edição #24) Rafael Salvador


Muitas pessoas que estudam ou trabalham com gastronomia, inclusive participantes de reality shows culinários, afirmam sonhar ter o próprio restaurante. O casal, porém, mostra-se cauteloso. “Está nos planos, mas mais para frente”, pondera Lucio. “Mesmo porque nós sabemos que abrir um restaurante não é uma coisa simples. A gente precisa de mais know how, aprender mais”, completa Helena.

Lucio e Helena são engenheiros químicos por formação. Helena mantém seu trabalho como pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. Lucio, por sua vez, dedica-se integralmente ao trabalho com gastronomia. “Ele foi mais corajoso que eu. Largou tudo pela gastronomia, fez faculdade e está 100% nisso”, elogia Helena.

A participação no MasterChef Brasil foi determinante para essa mudança na carreira. “A gente sempre gostou de cozinha, mas nunca pensava que se tornaria uma profissão. Com o programa, vimos que poderia ser. Foi uma mudança de percepção”, afirma Lucio.

“O participante acaba entrando no meio. Conhece chefs, técnicas, passa a ser convidado para ir a restaurantes. Isso acrescenta muito em aprendizado. No programa, é preciso estudar e pesquisar, e nós também tínhamos algumas aulas. Aprendemos muito com as dicas (e broncas) dos chefs-jurados. Então começamos a ver a gastronomia de maneira diferente, começamos a ver como um profissional. Depois, fizemos estágio com a chef Bel Coelho, aprendemos muito com ela e com o chef Wlisses”, conta Helena.

Participar de um programa de TV de grande repercussão traz, naturalmente, visibilidade. “Fizemos um serviço de personal chef em que o marido quis dar um presente de Dia dos Namorados para a esposa, que era fã do programa. Recentemente, fizemos um jantar para um pedido de casamento surpresa em que a noiva também gostava muito do MasterChef. Então o programa proporciona isso também”, lembra Helena.

Mão oriental

“Sou maluca por culinária oriental. No programa, fiquei até conhecida pela mão da culinária brasileira e outra da oriental. Entrei com um prato tailandês na seletiva, e meu prato da final foi tailandês também. O Lucio viajava muito para o exterior a trabalho, então eu sempre pedia um livro de culinária da região”, conta Helena. “Na última contagem, tinha 210 livros”, revela Lucio.

“A maior parte das pessoas no Brasil ainda não conhece a culinária oriental. Quem mora em São Paulo ainda tem a opção da Liberdade, então as pessoas podem conhecer algo a mais”, diz Helena. “Outro problema é a dificuldade em encontrar ingredientes fora de São Paulo. Aqui, temos acesso a boa parte. O ideal seria tentar adaptar os ingredientes, fazer o nosso ‘confusion’. O prato da receita [veja aqui neste post] é fusion da tailandesa com chinesa. Se olhar os ingredientes, exceto o nam pla, são itens que achamos aqui”, completa.

“A culinária também evolui. Temos que cozinhar com o que a região nos dá. Há as técnicas e os sabores, e combinar com o que temos aqui seria o ideal. Não seria o original, claro, mas isso não é o objetivo”, acredita Lucio, que, especificamente sobre a culinária japonesa, faz uma ressalva. “É uma culinária muito delicada, tem uma técnica muito apurada e depende de ingredientes absolutamente frescos. Nós não nos arriscamos muito a fazer. É até um respeito, como de quem diz ‘não, eu não sei fazer isso do jeito certo’. Fazemos entre nós, em casa, pelo menos uma vez por semana. Para oferecer um cardápio totalmente japonês, com itens que envolvam aquelas técnicas de corte, de preparação, e trabalhar com aqueles tipos de ingredientes, ainda temos muito a aprender”.

Drink Tokyo Nights Masterchef

Clique e confira a receita do drink Tokyo Nights Rafael Salvador

Na negociação para a realização do serviço de personal chef, o casal costuma sugerir opções orientais. “Primeiro, nós conversamos com a pessoa, sobre o que ela gosta. Se ela dá liberdade de sugerir o cardápio, um deles sempre é oriental, seja chinês, tailandês, japonês ou com algum elemento de alguma dessas culinárias”, conta Lucio.

Treinamento corporativo

A Salt & Pepper também tem uma linha de trabalho voltado para empresas que utiliza a culinária como forma de “treinamento comportamental”. “Atualmente, trabalhamos em parceria com uma empresa no projeto ‘Você é o chef’. Pode ser no formato de palestra ou uma dinâmica. Mostramos a dinâmica de trabalho de uma cozinha profissional e fazemos um paralelo com o dia a dia da empresa cliente. Desenvolvemos competências como trabalho em equipe, negociação e planejamento”, explica Lucio.

“Imagine, por exemplo, que uma estação precisa terminar o trabalho dela, senão a outra não consegue começar. Quando há duas receitas, mas ingredientes para uma só, como negociar? Planejamento, para verificar questões ligadas ao tempo”, completa Helena.

Lucio atualmente trabalha em um projeto chamado The Booze Lab, cuja proposta é vender drinks engarrafados prontos para beber. “É uma start-up ainda. Além da culinária, gostamos muito da mixologia também, criar coisas a partir de ingredientes que a própria pessoa faz. Por exemplo, fazer um xarope de gengibre, uma redução de espinafre que vai dar uma cor linda para um drink sem interferir no sabor. Brincar com esse conhecimento e colocar dentro da garrafinha. A ideia é trabalhar com estabelecimentos que não têm a estrutura de bar montada, como empórios, cervejarias e até barbearias.” 

Receita: Drink Tokyo Nights

Receita de porco agridoce à moda tailandesa

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