Conteúdo da Hashitag #18

A nova cara da marmita

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Fotos: Henrique Minatogawa

Quando crianças, muitos de nós levavam lanche de casa para comer na hora do recreio. Geralmente era um kit com sanduíche, fruta, algum doce e um suco.

A partir de certa idade, porém, comprar uma coxinha ou esfiha na hora do intervalo vira ostentação – para quem está na casa dos 30, 40 anos, pelo menos. Assim vai até a adolescência. Na vida adulta, com a rotina de trabalho, pelo menos uma das refeições do dia passa a ser feita fora de casa.

Para atender essa demanda, há restaurantes e lanchonetes de todos os tipos e especialidades. Essa opção pode ser rápida, gostosa e divertida, mas pode não ser a mais saudável e provavelmente não é a mais barata.

Novo conceito

No Brasil, levar marmita ao trabalho é algo que sofria um tratamento pejorativo. Atualmente, o conceito está mudando.

A partir dos anos 2000, a questão da alimentação saudável ganha importância. Houve esclarecimento sobre os riscos das substâncias contidas em muitos fast food, além das noções de higiene e conservação de alimentos nos restaurantes.

A renovação do hábito de levar marmita também tem motivação financeira. Se sai mais barato mesmo, não é possível afirmar sem fazer ressalvas. Depende, naturalmente, dos ingredientes escolhidos. O que tende a tornar a refeição caseira mais barata é a ausência de fatores que influenciam o preço de uma refeição em restaurante: aluguel do espaço, manutenção, segurança, impostos, salário de empregados etc.

Alimentação saudável

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Opções saudáveis: quinoa com legumes, cozido chikuzenni, salmão ao molho teriyaki sobre salada de algas e aspargos na berinjela grelhada com molho missô Foto: Henrique Minatogawa
Levar o almoço de casa é o único meio de ter total certeza da procedência dos alimentos. “Um ponto importante é que, com a marmita feita em casa, conseguimos controlar e saber se a comida está salgada ou com muito óleo, tornando-se uma opção muito mais saudável que ir a restaurantes”, afirma a nutricionista Nancy Ting Ling.

“É importante escolher a combinação dos nutrientes equilibrando a quantidade de carboidratos, proteínas, legumes e verduras. Em um recipiente à parte, montar uma salada com folhas e legumes crus, e temperar somente na hora de comer”, completa.

Cuidados

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Evite deixar os alimentos cozidos por mais de duas horas à temperatura ambiente
Uma vez que os alimentos contidos na marmita não serão consumidos imediatamente após o preparo, alguns cuidados devem ser observados.

“As frituras devem ser evitadas, pois perdem a característica e o sabor ao serem requentadas, além de serem ricas em gorduras e substâncias prejudiciais à saúde. Os molhos cremosos ou à base de leite, creme de leite, maionese ou iogurte (molho branco, creme de milho, creme de espinafre) tendem a azedar mais facilmente com oscilações de temperatura”, recomenda Nancy.

Já entre os alimentos mais indicados, a nutricionista cita as carnes magras (boi, frango e peixe), tubérculos, hortaliças, legumes e grãos (feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico).

Alimentos frescos reduzem a possibilidade de contaminação. “O ideal é que as marmitas sejam montadas com alimentos feitos, no máximo, na noite anterior”, avalia Nancy. A nutricionista também sugere que, no caso de aquecimento no forno de micro-ondas, as carnes não sejam apenas grelhadas, mas também cozidas ou acompanhadas por algum molho leve para que não fiquem secas.

Armazenamento

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O modo de conservar os alimentos é fundamental para que eles mantenham suas qualidades. Segundo recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), “é importante não deixar alimentos cozidos por mais de duas horas à temperatura ambiente”.

Em temperaturas mais elevadas, esse tempo deve ser ainda menor. A nutricionista consultada por #hashitag indica apenas 60 minutos no verão. Para essa situação, a dica é guardar a marmita em uma bolsa térmica com géis de gelo. “Neste caso, é possível congelar o prato principal à base de proteínas, e refrigerar o restante até o momento de montar a marmita na bolsa térmica. Manter em local fresco até o momento de levar ao micro-ondas e aquecê-la por mais tempo, em alta temperatura”, afirma.

Oportunidades

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Com a renovação do hábito de levar marmita, novas oportunidades aparecem no mercado. Uma delas é exatamente na forma de transporte.

A Kuri Creative Bags, formada pelas empresárias Juliana Ozaki Lee e Raquel Takano, atua na confecção de bolsas há cerca de 10 anos. “Fazemos as [bolsas] térmicas há aproximadamente cinco anos, quando as pessoas começaram a pedir esse produto”, explica Juliana. Na época, os clientes estavam mais interessados na economia que a marmita proporcionaria. “No começo, os clientes queriam uma bolsa para levar apenas a marmita. Depois, com a onda fitness, também queriam um modelo menor, para levar um iogurte, por exemplo”.

Em seguida, vieram as bolsas masculinas, mais discretas e sem estampas. Ainda há uma linha para bebês e outra para feira e supermercado. “Criamos os produtos muito conforme a demanda, ouvindo o feedback dos clientes”, continua Juliana. As sócias também buscam referências nos EUA e Japão.

O preço das bolsas térmicas varia de R$ 39 a R$ 108; o modelo mais vendido sai por R$ 74.

Marmita sob encomenda

Seja por falta de tempo ou de habilidade na cozinha, há casos de pessoas para quem não é viável cozinhar, mas que querem ter a alimentação saudável que a comida caseira pode proporcionar. Empresas que atuam nesse segmento já são realidade nos EUA e começam a evoluir no Brasil.

“Sempre tive interesse na área, principalmente pela minha saúde e das pessoas à minha volta. Existe um foco cada vez maior na melhoria da qualidade de vida. Junto com exercício fisico, alimentação é fundamental para atingir esse objetivo”, afirma Emily Li, chef e sócia-fundadora da Emily’s Kitchen.

“O nosso objetivo é criar pratos deliciosos e que também se encaixem na dieta de cada cliente. Oferecemos a flexibilidade de adaptar e personalizar as receitas, possibilitando refeições balanceadas e saudáveis de acordo com as necessidades individuais. Usamos somente ingredientes de alta qualidade e incorporamos produtos orgânicos sempre que possível”, conta Emily.

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Fotos: Henrique Minatogawa

Personalização é a palavra-chave. Não há um cardápio convencional. “A parte fundamental do nosso processo é entender os objetivos, as rotinas e preferências de cada um. Depois de conhecer bem os nossos clientes, elaboramos um cardápio levando todos esses fatores em consideração. Esse processo todo é sempre feito em conjunto com o cliente e parte disto são os comentários que recebemos depois que eles experimentam os nosso pratos”, explica Emily.

Segundo a chef, o relacionamento chega a um ponto em que a consulta ao cliente pode ser dispensada antes de apresentar um prato novo. A empresa também usa o Facebook e Instagram para divulgar atualizações das receitas. “Isso ajuda os clientes a visualizar melhor o que gostam ou não gostam. O objetivo primário das fotos não é criar um cardápio virtual”, esclarece Emily.

Para fazer o pedido, a empresa pede de três a quatro dias de antecedência. Os clientes recebem a marmita dentro de uma bolsa térmica com gel, kit que deve ser devolvido. Se preferir, é possível deixar a própria marmita com a empresa.

A forma de pagamento também é flexível. A maioria dos clientes opta por um plano mensal, enquanto outros pagam semanalmente ou diariamente. O valor varia conforme a quantidade e os ingredientes escolhidos.


Para inspirar sua marmita

Receitas por chef Emily Li

Enroladinho de carne

    Ingredientes

  • 1 cenoura
  • 12-15 unidades de vagem
  • 2 colheres de sopa de shoyu sem sódio
  • 1 colher de sopa de açúcar demerara (substituir por adoçante natural, se desejar)
  • 1 colher de sopa de sake (omitir, se desejar)
  • 200 g de contrafilé fatiado fininho (6 pedaços)
  • 1 colher de sopa de óleo
    Modo de preparo

  1. Descascar e cortar a cenoura em bastões: 7,5 cm por 8 mm.
  2. Cozinhar a cenoura em água salgada fervente por 2 minutos, adicionar a vagem já limpa e cozinhar por mais 2 minutos. Retirar da água e deixar esfriar.
  3. Em uma tigela pequena, misturar o shoyu, o açúcar, o sake e duas colheres de água até o açúcar dissolver.
  4. Separar uma fatia de carne e colocar 2 a 3 fatias de cenoura e 2 a 3 fatias de vagem em um lado e enrolar. Repetir com todas as fatias.
  5. Aquecer o óleo e selar os enroladinhos de 7 a 8 minutos.
  6. Adicionar o molho e abaixar o fogo, virar o enroladinhos até cobrir todos com o molho.
  7. Cortar os enroladinhos na metade e servir.

Kabocha Gohan

    Ingredientes

  • 2/3 de xícara de arroz integral (160 mL)
  • 1 xícara de água (240 mL)
  • 1 pitada de sal (a gosto)
  • 1 colher de chá de sake (omitir, se desejar)
  • 1 xícara de kabocha (descascada e cortada em cubos grandes)
    Modo de preparo

  1. Lavar o arroz 3X e deixar de molho por 30 minutos em 1 xícara de água.
  2. Antes de levar ao cozimento, adicionar o sake e o sal.
  3. Cozinhar em fogo baixo e tampado por 15 minutos e adicionar a abóbora. Cozinhar por mais 15 minutos, desligar o fogo e deixar descansar por 15 minutos antes de misturar.

Salada com molho de cenoura

    Ingredientes

  • 1/2 cenoura
  • 1/8 cebola
  • 1 colher de sopa de shoyu sem sódio
  • 1 colher de sopa de vinagre de arroz
  • 2 colheres de sopa de óleo neutro
  • 1 colher de sopa de óleo de gergelim
  • 1/2 colher de chá de açúcar demerara (substituir por adoçante natural, se desejar)
  • 1-2 colheres de chá de gengibre ralado
  • 1 colher de sopa de sementes de gergelim
  • Salada de sua escolha
    Modo de preparo

  1. Ralar a cenoura e a cebola.
  2. Juntar ao resto dos ingredientes e misturar bem.
  3. Montar a salada de acordo com a sua preferência e servir o molho à parte.


Emily’s Kitchen

Site: www.emilyskitchen.net
Facebook: www.facebook.com/emilyskitchenbr
Instagram: @emilyskitchenbr

Kuri Creative Bags

Site: www.kuri.com.br
Facebook: www.facebook.com/KURI-creative-bags-182021378495817
Instagram: @kuri_creativebags

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