Degustação para os fortes

Olá pessoal,

Aqui é o Adegão. Hoje, falarei sobre um dos eventos de sakes em grande escala mais famosos do Japão, realizado na província de Niigata. É o NIIGATA SAKE NO JIN (新潟酒の陣), espécie de “October Fest” dos sakes, que acontece desde 2004.

Niigata é o berço de ótimos sakes artesanais e é a terra do arroz Gohyakumangoku, um dos melhores sakamais (grãos especiais para sake) do Japão, e do Koshihikari que é o mais consumido pelos japoneses. Este ano, o evento foi realizado em dois dias com 89 produtores de sakes que recepcionaram cerca de 130 mil pessoas no Centro de Convenções Internacional Toki Messe.

Nossos correspondentes, e futuros sócios da Adega de Sake, Daniel Honda e Sayuri Oshita contaram como foi o NIIGATA SAKE NO JIN deste ano. Enquanto a fila quilométrica chegava do lado de fora do salão e o vento gelado alfinetava as orelhas de Daniel, eu tinha que ouvir as reclamações pelo WhatsApp e sofria com o calor infernal do Brasil.

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Fotos: Daniel Honda e Sayuri Oshita

Depois de chegar ao portal do evento, apresentando os ingressos, cada participante ganha o Kikichoko, o copo de degustação de sake. E, olha que legal, ele vem preso a uma corrente de borracha. Afinal, depois do 10º copo, é fácil perder esse copinho esbarrando na multidão que ocupa o pavilhão gigantesco.

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Fotos: Daniel Honda e Sayuri Oshita

Como disse acima, foram 89 produtores de sakes de Niigata. Cada um customiza o seu stand dando a sua cara. É uma verdadeira exposição de cores, rótulos de sakes, prêmios conquistados com o, sempre gentil, staff servindo os convidados. A boa notícia é que alguns dos sakes degustados estão disponíveis no Brasil, como o Jozen Mizu no Gotoshi, o Kikusui, o Kobôta e o Hakkaisan.

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Fotos: Daniel Honda e Sayuri Oshita

Já participei de eventos de degustação de sakes, só que este tinha o dobro de produtores. Então, vamos fazer uma conta por cima: 89 produtores, cada um trazendo 10 rótulos para o povo degustar e comprar. Isso daria 890 doses de 50 mL considerando que o participante fosse provar todos. Isso daria um total de 44,5 L de sakes.

Para facilitar, eu havia listado os produtores para esses dois provarem. Só que eles foram tomando um…

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Fotos: Daniel Honda e Sayuri Oshita

… atrás do outro. Pela conta que fizeram, foram 30 copinhos de sakes que o Daniel tomou e 12 da Sayuri. Eu, monitorando a viagem deles daqui do Brasil, liguei para o Daniel e constatei o óbvio: voz ofegante e rindo de tudo. Eu os avisei!

Disse para procurarem logo uma banca de missoshiru. Muitos não sabem, mas, em eventos alcoólicos, sempre há uma barraca que serve missoshiru para que o participante não se embriague violentamente. O missô é rico em vitamina C e alivia o efeito do álcool no organismo.

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Fotos: Daniel Honda e Sayuri Oshita

Depois de se recomporem, os dois procuraram uma das bancas de sakes mais lotadas. A do sake Manotsuru, da fábrica Obata Shuzo, presidida pela Rumiko Obata. Este sake é produzido na ilha da Sado a 54 km da cidade de Niigata ou 283 km de Tokyo. A fábrica fundada em 1971, muito mais velha que eu, produz um dos sakes mais renomados do mundo. Para entender o quanto ele encanta os ocidentais, alguns rótulos são servidos até a bordo de companhias aéreas, inclusive as estrangeiras. Então, o que vocês acham de tomarmos este sake em breve? A previsão de chegada é em agosto de 2017. Fiquem ligados!

Bom, como depois dessas fotos eu praticamente perdi o contato, encerramos o tour pelo NIIGATA SAKE NO JIN. Para quem gostou e tem vontade de participar, o evento sempre acontece em março e o site é sakenojin.jp.

Então, kampai ao sake!

Alexandre Iida ALEXANDRE TATSUYA IIDA, é um Kikisake-shi, especialista em saquê, certificado pelo SSI Sake Service Institute com sede em Tokyo, Japão. Proprietário da Adega de Sake, a primeira loja especializada em bebidas japonesas. Faz parte do corpo docente da ABS Associação Brasileira de Sommeliers, ministrando aulas e cursos de saquês, para profissionais e apreciadores. Promove degustações de saquês para o público aberto e treinamento de brigada, como a consultoria para a importação de saquês.
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